sábado, 2 de agosto de 2008

O Estudo que o Cavaco Leu...


O estudo que Cavaco leu


Se os jovens estão «alheados» da vida política, os portugueses estão «insatisfeitos» com a democracia e a política. O estudo que o Presidente da República, Cavaco Silva, encomendou à Universidade Católica Portuguesa chega a oito conclusões principais.

1 - «Quer de um ponto de vista quer absoluto quer comparativo, é notória a insatisfação dos portugueses com o funcionamento da democracia, assim como a existência de atitudes favoráveis a reformas profundas ou mesmo radicais na sociedade portuguesa».

2 - «De um ponto de vista quer absoluto quer comparativo, os portugueses evidenciam atitudes de baixo envolvimento com a política. A relação entre a idade e o grau de importância dada à (e interesse na) política é curvilinear, ou seja, menor entre os muito jovens e entre os mais velhos».
3 - «Os jovens encontram-se menos expostos à informação política pelos meios de comunicação convencional do que o resto da população. Em geral − e não apenas os que ainda não chegaram à idade do voto − os jovens tendem a exibir menores níveis de conhecimentos políticos».

4 - «Exceptuando o voto, a população portuguesa tende a ser céptica em relação à eficácia da participação política dita "convencional", isto é, aquela que se dá através dos partidos e orientada para o processo eleitoral, em comparação com outras formas de participação».

5 - «Do ponto de vista dos comportamentos participativos, os jovens adultos também não se distinguem particularmente do resto da população activa, ao passo que os indivíduos com menos de 18 anos não se distinguem particularmente dos indivíduos com 65 anos ou mais».

6 - «São baixos, do ponto de vista comparativo, os níveis de pertença a associações e de dedicação ao voluntariado em Portugal (com excepção da participação em associações de cariz religioso). Dito isto, os índices de participação social dos jovens são mais elevados do que os da restante população, facto que não se deve exclusivamente à pertença a associações estudantis ou a grupos desportivos».

7 - «Os portugueses são claramente favoráveis a medidas que aumentem a presença de mulheres na vida política, criem novos mecanismos de participação, personalizem o sistema eleitoral e introduzam mecanismos de democracia directa ou semidirecta».

8 - «O posicionamento ideológico dos jovens tende a estar mais à direita do que a generalidade da população, mas aquilo que mais claramente os distingue é o facto de percepcionarem menor utilidade das categorias "esquerda" e "direita" na compreensão da vida política».


O Portugal Diário deixa-lhe aqui outras conclusões

Quanto ao funcionamento da democracia, «os portugueses em geral avançam opiniões que, na média, tendem a ser mais pessimistas do que optimistas. Numa escala de 0 a 10, em que 0 significa "muito mal" e 10 "muito bem", a média é de 4,2».

Em Portugal «a religião tem para os cidadãos, em média, uma importância maior do que a política, mas o mesmo não sucede noutros países europeus, tais como a Holanda, a Dinamarca, a Suécia, a Noruega o Luxemburgo ou a Alemanha. Por outro lado, em termos relativos, Portugal era, em 2002 e 2004, um dos países europeus onde os cidadãos atribuíam menos importância à política nas suas vidas».

Os portugueses continuam a ser, na Europa, «dos que menos pertencem a partidos políticos, sindicatos, associações ou clubes desportivos ou outros, com a pertença a associações de carácter religioso a constituir a excepção a essa regra de baixa participação social». Tal como os espanhóis: «não temos interesse, nem tempo».

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